Ghoum de Seda: a luz da tapeçaria persa

Ghoum de Seda: a luz da tapeçaria persa

A cidade sagrada de Qom, no coração do Irã, talvez seja mais conhecida por seu papel religioso, mas para os apaixonados por tapeçaria, seu nome carrega outro significado: é lá que se tecem alguns dos tapetes mais finos, delicados e preciosos do mundo. Os tapetes Ghoum de Seda — também chamados de Qom ou Qum, dependendo da transliteração — são verdadeiras joias têxteis. Não apenas pelo material nobre, mas pela complexidade de sua execução e pela história que representam.

A tradição da tapeçaria em Qom é relativamente recente quando comparada a cidades como Tabriz ou Isfahan. Foi no início do século XX, por volta dos anos 1930, que os primeiros ateliês começaram a produzir tapetes com a intenção de atingir um novo patamar de excelência. Os artesãos locais uniram o conhecimento secular da tapeçaria persa à busca por acabamento impecável, usando exclusivamente seda natural — tanto na base (urdidura), quanto na trama e no veludo.

A seda é uma fibra exigente. Mais difícil de trabalhar do que a lã, ela exige precisão milimétrica. Mas o resultado é incomparável: o brilho sedoso cria um jogo de luz fascinante, realçando as cores e detalhes do desenho com uma elegância que nenhum outro material consegue alcançar. Quando exposto à luz, o tapete parece ganhar movimento, como se respirasse.

As tramas dos Ghoum de Seda frequentemente retratam jardins floridos, meditações simétricas em torno de um medalhão central, arabescos complexos e bordas em cascata de motivos botânicos. Os tons são vivos — rubi, azul safira, verde oliva, dourado antigo e marfim. A densidade de nós é altíssima, frequentemente ultrapassando um milhão de nós por metro quadrado, o que permite um nível de detalhamento quase fotográfico.

Embora sejam usados como tapetes, muitos Ghoum de Seda são emoldurados ou pendurados como tapeçarias. Isso porque essas peças não são apenas itens de decoração: são investigações visuais da beleza, da paciência e da arte de viver. Além disso, pelo valor material e simbólico, são frequentemente vistas como heranças, objetos que atravessam gerações e mantêm vivo o elo entre o passado e o presente.

Hoje, um Ghoum de Seda em bom estado pode alcançar valores muito altos no mercado internacional. Quanto mais antiga, detalhada e bem conservada for a peça — e se assinada por um mestre —, maior seu valor. São tapetes que não apenas resistem ao tempo, mas o incorporam em sua própria estrutura.

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